Neurociência: A Realidade é uma Simulação?
Mais recentemente, neurocientistas como David Eagleman e Anil Seth expandiram essas ideias. Eles argumentam que o cérebro funciona como uma espécie de "simulador". Ele pega sinais elétricos provenientes dos sentidos e constrói uma versão da realidade que é útil para a nossa sobrevivência. Mas, essa versão não é necessariamente uma cópia fiel do mundo exterior. Por exemplo, Anil Seth sugere que a consciência é uma espécie de "alucinação controlada", onde o cérebro interpreta informações sensoriais para criar uma percepção útil do mundo.
Física Quântica e a Natureza da Realidade
A física quântica nos leva ainda mais longe na compreensão da natureza da realidade. Uma teoria interessante que podemos trazer aqui é a Interpretação de Copenhague, proposta por Niels Bohr, que sugere que partículas subatômicas não têm um estado definido até serem observadas. Em outras palavras, a realidade, em certo sentido, é "criada" pela observação.
Isso se conecta ao famoso experimento da dupla fenda, onde partículas como elétrons se comportam de maneira diferente quando são observadas. Quando não são observadas, elas agem como ondas e passam por ambas as fendas ao mesmo tempo; mas, ao serem observadas, se comportam como partículas e passam por apenas uma das fendas. Isso sugere que a consciência do observador pode influenciar a própria realidade física.
Misturando Filosofia, Neurociência e Física Quântica
Podemos, então, propor um conceito que mistura esses três campos: o cérebro não apenas interpreta a realidade, mas também a cria em certa medida.
O cérebro como programador: Assim como um computador, ele recebe entradas sensoriais (visão, audição, tato, etc.) e, com base em suas próprias "programações" (ou seja, nossas experiências, memórias e crenças), cria a nossa percepção do mundo.. A consciência como colapsadora da realidade: Da perspectiva da física quântica, podemos imaginar que o cérebro age como um "observador" que colapsa as possibilidades quânticas em uma realidade concreta. Ou seja, o ato de perceber é, em si, uma forma de "criação" da realidade Alucinações controladas: Nossa percepção diária não é diferente de uma alucinação bem coordenada, onde o cérebro mantém um consenso entre os sentidos para criar uma "realidade" estável. Porém, essa realidade é apenas uma versão subjetiva, e não a realidade absoluta.
Exemplo Prático:Para ilustrar, imagine uma situação em que você está sonhando. Durante o sonho, seu cérebro cria um mundo inteiro que você acredita ser real até que você desperte. Da mesma forma, na vida desperta, o cérebro está constantemente "sonhando" uma realidade baseada em suas entradas sensoriais e processos mentais. A física quântica sugere que, assim como no sonho, a realidade pode ser mais fluida e maleável do que imaginamos.
Essa visão desafia a ideia de que vivemos em um mundo objetivo e sugere que somos, de certa forma, co-criadores da nossa experiência da realidade.
Esse é um campo de estudo fascinante que une filosofia, neurociência e física quântica para explorar a natureza da consciência e da realidade. Você pode usar esses conceitos para provocar discussões em sala de aula sobre a relação entre percepção, realidade e ciência moderna.
Deusa Mattoss
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