domingo, 3 de maio de 2015

Montanha

Em uma tarde de primavera, outono ou inverno, eu sempre percorria uma rua, pois era meu caminho, que levava a uma encruzilhada de sete pontas. Dentro desta encruzilhada, havia uma árvore. Fenomenal! Seus galhos, de grande grossura, constituíam, em meu ser, a glória das diferenças.

A árvore parecia abrigar dentro de si um coração humano; no entanto, era muito mais que isso, era o nosso próprio pulmão. O pulmão da Terra. Quando ela se movimentava com seus galhos imensos, com sua soberania e majestade, eu me deliciava com sua presença. Ela habitava ali há muitos anos e ainda persiste no mesmo lugar, transformando o ambiente hostil da construção humana ao seu redor em um encontro de dois mundos: concreto e a velha natureza que um dia pairou no local.

A mão do artista a esculpiu como se nos convidasse a subir sobre ela, pois havia em seus talos uma forma de cadeira para se sentar. Lá onde ela habita, existe um farol, o encontro com vários mundos e pessoas em seu caminho. E ela lá, a se mover com os ventos e chuvas. Tudo, ela pode ter testemunhado lá, pois aquela esquina é dela. No entanto, ninguém sabe, ninguém a vê.

Ali também existe um rio, mas só podemos vê-lo quando ele toma conta de toda a encruzilhada da velha árvore, e os carros com seus donos ficam enfurecidos com o cruzamento e seu transtorno, especialmente em horas de pico ou feriado. Afinal, suponhamos que a natureza mostre sua majestade. As pessoas só existem por acaso, enquanto a natureza da Terra domina o mundo.

D.M.